- Editora: Cia das Letras
- ISBN:
9788535923070
- Ano:
2013
- Páginas:
104
- Gênero: Teatro
Ainda não vi uma só viva alma que dissesse não
gostar do poeta Vinicius de Moraes. Marcus Vinicius de Moraes, nascido em 1913,
na capital carioca, além de escritor, foi também diplomata, dramaturgo, jornalista,
poeta e compositor. Sua vasta obra divide-se em literatura, teatro, cinema e
música. Na música, fez parcerias com Tom Jobim, Toquinho, João Gilberto, Carlos
Lyra, Baden Powell e Chico Buarque. Sua poesia apresenta, essencialmente e
constantemente, o eu lírico, não à
toa fora apelidado de Poetinha por
Tom Jobim.
Dono da célebre frase: “Que me perdoe as feias,
mas beleza é fundamental”, Poetinha,
também levou a fama de grande conquistador ao casar-se por nove vezes.
Em Orfeu da Conceição, peça teatral publicada
pela Cia das Letras através do selo Companhia de Bolso, narra a triste história
de Orfeu que, imerso em sofrimento depois da morte da amada Eurídice, vê-se
incapaz de entoar suas canções, pois os sons melodiosos e tristes de sua lira
não o consolam da perda do grande amor. Em 1956, ganhou destaque ao ser
estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com músicas de Tom Jobim e
cenários de Oscar Niemeyer. Foi lançado dois filmes baseados nesta peça, o
primeiro em 1959, dirigida pelo escritor francês Marcel Camus. O segundo em 1999,
dirigido pelo diretor brasileiro Cacá Diegues, com música de Caetano Veloso,
sendo Orfeu interpretado pelo cantor Toni Garrido:
Conhecida como “Tragédia Carioca”, esta peça é
considerada, ainda nos dias atuais, como um marco na releitura dos mitos gregos
diante da realidade social. Trata-se uma adaptação da história de Orfeu, filho
de Apolo, da mitologia grega.
Em 2013, comemora-se o Centenário de Vinicius
de Moraes e a Cia das Letras resolveu nos presentar com a Caixa Vinicius de Moraes – uma seleção com o melhor da
prosa e da poesia do nosso Poetinha. Vale a pena conferir.
Para terminar, deixo-lhes o trecho que
considero mais bonito desta obra. Nas páginas 33-34, Orfeu tem um presságio que Eurídice
irá morrer, então ele canta pra sua amada...
Orfeu:
Ai, que agonia que você me deu
Meu amor! que impressão, que pesadelo!
Como se eu te estivesse vendo morta
Longe como uma morta...
Eurídice:
Morta eu estou.
Morta de amor, eu estou; morta e enterrada
Com cruz por cima e tudo!
Orfeu (sorrindo):
Namorada!
Vai bem depressa. Deus te leve. Aqui
Ficam os meus restos a esperar por ti
Que dás vida!
(Eurídice atira-lhe um beijo e sai).
Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa
O meu peito em soluços! Te enrustiste
Em minha vida; e cada hora que passa
E' mais porque te amar, a hora derrama
O seu óleo de amor, em mim, amada...
E sabes de uma coisa? cada vez
Que o sofrimento vem, essa saudade
De estar perto, se longe, ou estar mais perto
Se perto, - que é que eu sei! essa agonia
De viver fraco, o peito extravasado
O mel correndo; essa incapacidade
De me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso
Que é bem capaz de confundir o espírito
De um homem - nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, essa harmonia
Esse corpo! e me dizes essas coisas
Que me dão essa fôrça, essa coragem
Esse orgulho de rei. Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio, minha música!
Nunca fujas de mim! sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada, sou
Pedra rolada. Orfeu menos Eurídice...
Coisa incompreensível! A existência
Sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos. Tu
És a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga
Mais querida! Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada! Ah! criatura! quem
Poderia pensar que Orfeu: Orfeu
Cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor
Despetala as mulheres - que êle, Orfeu
Ficasse assim rendido aos teus encantos!
Mulata, pele escura, dente branco
Vai teu caminho que eu vou te seguindo
No pensamento e aqui me deixo rente
Quando voltares, pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que eu estarei contigo!
Ainda não tinha lido esse livro do Vinicius, fiquei com vontade.
ResponderExcluirGostei muito que a Cia das Letras vai comemorar assim o centenário do Vinicius, eu vou aproveitar bem para ler seus livros.
Muito oportuna essa ação da editora.
ResponderExcluirmeuhobbyliterario.blogspot.com.br
Já li várias coisa do Vinicius de Moares, mas sempre de forma avulsa, pela internet ou pelos vários livros de literatura na escola (e na faculdade). Ele escrevia com o coração, acreditava no amor e na repetição do mesmo (casou 9 vezes!!!)
ResponderExcluirParabéns a Cia das Letras também!
Eu não sou muito de ler esses livros que são tipo peça teatral, por isso eu não me interessei tanto pelo livro. Mas pra quem gosto deve ser ótimo!
ResponderExcluirInfelizmente esse eu passo, tenho problemas com o Vinicius (coisa de obrigação escolar que pegamos desgosto)
ResponderExcluirxx
É verdade Jéssica. Muitos professores não aprenderam como lidar com a obra literária dentro da sala de aula e isso tem causado traumas nas pessoas.
ExcluirJá assisti essa peça teatral e é realmente muito bonita.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSendo Vinícius, pode ver que é muito bom! E a peça é super famosa =)
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